Com certeza, 100% das fazendas que se destacam nos top 10 dos benchmarks do mercado utilizam algum tipo de suplementação dos animais.
Independente do seu sistema de produção (cria, recria ou engorda), da forragem que você utiliza e do seu manejo do pasto, você irá precisar fazer uso de algum tipo de suplemento.
Sendo assim, entender o que são e as diferenças entre os tipos de suplementos disponíveis no mercado passa a ser fundamental para sabermos avaliar e ponderar o uso de cada um na fazenda.
Pensando nos produtos disponíveis para compra, podemos facilmente separá-los em dois grupos distintos: os produtos prontos para uso e os produtos para mistura.
Produtos prontos para uso:
- Sal mineral
- Sal com ureia
- Mineral enriquecido
- Proteinado (0,1 e 0,2% do peso vivo)
- Proteico Energético (0,3 a 0,5% do peso vivo)
- Rações
Produtos para mistura:
- Concentrado
- Núcleo mineral com Ureia
- Núcleo mineral
Entendendo as formulações e diferenças:
Independente do produto, todos terão em sua composição macro e microminerais, os quais devem ser formulados para atender a categoria em questão.
Cabe destacar que, quando falamos em exigência de minerais, com exceção do Ca e P, a recomendação é dada em gramas ou miligramas do mineral por kg de matéria seca consumida pelo animal. Isso significa que, quanto maior o consumo de MS do animal, maior será a exigência por minerais, certo?
Diferente dos demais minerais, o Ca e P tem sua exigência definida pela faixa de peso e taxa de ganho, o que traz um olhar diferente entre as categorias: cria, recria e engorda. Pensando nas diferenças entre categorias, o Magnésio (Mg) e o Manganês (Mn) são dois minerais que sua exigência difere entre cria e recria-engorda. Todos os demais não tem diferença entre categoria, porém existem algumas situações em que os técnicos gostam de fornecer valores acima da exigência para algum fim específico, como por exemplo o Selênio (Se) em produtos relacionados a reprodução.
Saiba que, para cada valor de referência de exigência, existe um valor mínimo, um valor máximo (tóxico) e um fator de correção para situações de estresse, trazendo toda uma complexidade técnica ao formular um produto mineral.
Não é de praxe formularmos um sal mineral na fazenda (comprar as matérias primas e misturar), visto que a mão de obra envolvida e a quantidade de ingredientes que precisariam ser comprados, e, principalmente a formulação do produto, dificultam bastante o processo. Sendo que o consumo desse tipo de produto é baixo, temos um baixo desembolso cabeça/dia, o que não justifica toda a complexidade de produzir um sal mineral do zero.
Aos que desejam “bater” o sal mineral em casa, o que normalmente acontece é a compra de um núcleo mineral e sua “diluição” com sal branco na fazenda.
Evoluindo nas formulações, a partir da base mineral, vamos agregando outros ingredientes a formulação para compor os demais produtos. Isto significa que, se você optar em fornecer aos animais um proteinado, ou um proteico energético, não existe a necessidade de fornecer sal mineral a parte, ok?
O primeiro ingrediente que podemos agregar a formulação mineral é a ureia, resultando no produto que conhecemos como sal ureado (ou sal com ureia). Este é um suplemento muito utilizado na seca, principalmente em vacas de cria, tendo em sua composição de 10 a 30% de ureia.
Seguindo com as formulações, a partir da formulação do mineral enriquecido, precisamos entrar com os farelos proteicos (ex: farelo de soja, farelo de algodão, farelo de amendoim) e os farelos energéticos (ex: milho, sorgo, casca de soja) na formulação. A evolução das fórmulas (proteinado, proteicos energéticos e rações) seguem com a mesma composição de ingredientes, alternando sua porcentagem na fórmula de acordo com o suplemento em questão (Figura 2).
É extremamente importante você entender que, a partir do sal ureado o foco da formulação (e suplementação) é de alguma forma manipular o que acontece no rúmen do animal, corrigindo e otimizando os processos de fermentação do alimento.

Para aqueles pecuaristas e técnicos que desejam produzir o próprio suplemento na fazenda existe a opção de comprar o núcleo mineral para misturar com os demais ingredientes da formulação.
Alguns cuidados e ponderações na hora de tomar essa decisão devem ser observados:
- Capacidade de compra e gestão de estoque de insumos;
- Estrutura para armazenamento, pesagem e mistura dos ingredientes;
- Qualidade da mão de obra disponível;
Ao considerar esses pontos, é possível escolher dentre as opções de produtos para mistura a que melhor se encaixa na estrutura da fazenda. Na tabela abaixo seguem algumas considerações para você levar em conta e nas diferentes opções de produtos disponíveis no mercado.

Saber formular um suplemento pode ser a virada de jogo para sua operação, mudando seu balanço financeiro do vermelho para o azul, principalmente em estratégias de maior consumo, como o caso de suplementos proteicos energéticos, uma vez que produzir seu próprio suplemento pode reduzir os custos em até 30%.
Fornecimento de suplementos:
Uma vez que você já sabe a diferença entre os produtos, o próximo passo é saber os ajustes operacionais necessários para sua adoção. Isto porque existem suplementos que podem ser fornecidos semanalmente, enquanto outros precisam ser fornecidos diariamente. No caso de produtos de fornecimento semanal, o cocho deve estar sempre cheio, uma vez que o consumo do suplemento é autorregulável (Tabela).

As estratégias que são de fornecimento semanal e tem farelos e ureia em sua formulação, demandam que o cocho seja coberto no período das águas. No caso do fornecimento diário, é necessário estabelecer uma rotina de fornecimento, respeitando sempre o mesmo horário de abastecimento dos cochos.
Jamais se esqueça:
Suplementação não é um gasto, é um investimento estratégico que pode transformar os resultados da sua fazenda.
Suplementar os animais não é simplesmente colocar um produto no cocho. A chave para o sucesso está na escolha da estratégia correta, ajustes estruturais e operacionais, formulação precisa e gestão eficaz.
O que você precisa saber:
- Tipos de Produtos: Compreenda as diferenças e escolha o melhor para seus objetivos.
- Estrutura Necessária: Tenha a infraestrutura adequada para maximizar os resultados.
- Formulação e Gestão: Aprenda a formular suplementos e gerenciar o programa com eficiência.