Afinal, o que é mais importante: o porquê ou o como? Na Fazenda, essas perguntas deveriam ser frequentemente debatidas.
Esses dias me peguei pensando o quanto escuto muito mais a pergunta “como fazer isso” em comparação a pergunta “porque fazer isso”. Dependendo do contexto é claro que o como, sem dúvida pode parecer muito mais importante. Por exemplo: quero fazer um bolo para o meu lanche da tarde, como fazer?
Note que, no caso do bolo, antes de saber o como fazer, o porquê de alguma forma já havia sido respondido. Porque estou com fome! Porque estou com vontade! Etc…
Dentro da porteira da Fazenda, por vezes, vejo muita gente querendo colocar os “comos” na frente dos “porquês”, e isso tem gerado uma série de problemas e frustrações!
O problema surge no anseio de querer “copiar” o que o outro está fazendo, achando que na pecuária tudo se resume a uma simples “receita de bolo”.
Basta ver algum colega ou vizinho tendo sucesso e queremos copiar as estratégias utilizadas sem entender os motivos, ou melhor, os porquês das estratégias adotadas! Na Fazenda, essa é uma prática comum.
Se a nova pecuária pede adoção de tecnologia e aumento de produtividade, qualquer tentativa de ação ou inovação, as perguntas “Por que estamos fazendo isso?” e “Como vamos fazer isso?” são fundamentais!
No entanto, antes de sair fazendo, cabe sempre uma compreensão profunda do “porquê” fazer, para então partirmos para o “como” fazer.
O “porquê” nos oferece o fundamento teórico e científico de nossas ações. Sem um “porquê” bem definido, corremos o risco de implementar processos que podem parecer funcionar a princípio, mas falham em conquistar resultados consistentes e replicáveis. Isso ocorre porque, sem entender profundamente as razões por trás de uma ação ou estratégia, não temos como avaliar se nossas abordagens são aplicáveis em diferentes contextos ou se estamos apenas obtendo sucessos temporários por coincidência ou condições específicas. Na Fazenda, compreender o “porquê” é essencial.
O “porquê” é a bússola que irá guiar nossas ações, como por exemplo: Porque você precisa suplementar os animais com proteína na seca! Saber o porque suplementar com proteinado é importante, guia a decisão de elaborar e executar um bom plano de suplementação dos animais.
Perceba que o porquê nos dá o motivo, a causa, a razão pela qual empreendemos qualquer esforço. Quando compreendemos o “porquê”, obtemos clareza sobre nossos objetivos e podemos comunicar nossa visão de forma mais eficaz para os outros. Essa compreensão inspira motivação e engajamento, tanto pessoal quanto coletivo.
O “porquê” deve sempre estar ancorado na ciência. É o fundamento teórico, as razões científicas por trás de nossas ações. A ciência busca explicar os fenômenos ao nosso redor e, ao fazer isso, fornece um sólido ponto de partida para qualquer decisão. Saber “porquê” algo funciona de certa maneira nos permite prever resultados, entender consequências e, mais importante, nos dá a clareza do propósito. Este é o alicerce que inspira inovação e confiança. Portanto, a falta de um “porquê” bem definido não apenas limita a eficácia de um “como”, mas também prejudica a habilidade de replicar e escalar essas soluções ao longo do tempo. Na Fazenda, essa clareza é ainda mais crucial.
Definido o porquê, o “como” é o mapa que seguimos para alcançar esses objetivos. Ele envolve os processos, as estratégias, as técnicas que utilizamos para transformar o previsto em realizado. O “como” é sobre a execução e a eficiência, garantindo que as ações aconteçam, garantindo o cumprimento das metas estabelecidas.
O “como” pode ser enriquecido com experiências práticas. Não é apenas uma questão de teoria; é onde a teoria encontra a prática, uma vez que, a experiência prática nos ensina a adaptar teorias em situações reais, a ajustar abordagens e a refinar processos. É o elemento que transforma a intenção em ação efetiva.
A interação entre um “porquê” cientificamente embasado e um “como” enraizado na experiência prática cria uma dinâmica poderosa. Essa abordagem não apenas aumenta a probabilidade de sucesso, mas também garante que as soluções sejam robustas e adaptáveis. Por exemplo, Na Fazenda, o “porquê” pode ser compreendido através de pesquisas que explicam o que esperar de ganho adicional com determinada estratégia, enquanto o “como” é desenvolvido através de anos de prática e dia a dia de fazenda.
Para finalizar, ao invés de querer responder o que é mais importante, talvez devêssemos perguntar como podemos garantir que ambos sejam desenvolvidos e valorizados igualmente. No final das contas, a harmonia entre o porquê e o como é o que realmente possibilita realizações significativas e duradouras.