Tecnologia de insumos

Ganhe Dinheiro com Pecuária! Parte 4

Foto de Matheus Moretti

Matheus Moretti

Nos textos anteriores, exploramos como o conhecimento da fazenda em números, o planejamento bem estruturado e o uso das tecnologias de processo são a base para transformar a pecuária de corte em um negócio lucrativo.

A esses três pilares, podemos atribuir o nome de de “arroz com feijão” que toda e qualquer fazenda pecuária, que deseja ser eficiente e lucrativa, deveria se atentar. Afinal, seguir estes pilares garante eficiência e produtividade independente do estado que você e a fazenda está.

Dito isso, chegou o momento de buscarmos um passo a mais. Ir além da base e colocar um ingrediente a mais no nosso “arroz com feijão”.

Hoje, vamos falar sobre as tecnologias de insumos — os “aceleradores” que potencializam a produção quando a estrutura básica está bem executada.

Enquanto as tecnologias de processo estabelecem a fundação, as tecnologias de insumos são os investimentos que colocam a produtividade em outro patamar, seja através da nutrição, qualidade das pastagens ou no manejo do solo.

Fazer uso de insumos, escolhidos estrategicamente e aplicados no momento certo, permite aumentar significativamente a produção de arrobas por hectare, garantindo mais eficiência e rentabilidade para dentro da porteira.

Desde que o insumo em questão seja escolhido estrategicamente e aplicados no momento certo, podemos aumentar significativamente a produção de arrobas por hectare, diluindo custos fixos e conquistando mais lucratividade por área.

No entanto, ao contrário das tecnologias de processo, que devem ser adotadas independentemente do valor do boi e do preço dos insumos, as tecnologias de insumos exigem uma análise cuidadosa de custo-benefício para avaliar sua viabilidade.

Quando falamos de tecnologias de insumos, conhecer em detalhes os potenciais da tecnologia é fundamental.

É preciso entender o ambiente em que ela faz sentido, o potencial de ganho que ela traz para a produção e as necessidades de ajustes estruturais e operacionais que podem ser necessários para implementar a tecnologia com sucesso.

Além disso, considerar custos adicionais envolvidos, como a compra de insumos específicos ou a adaptação de práticas de manejo, são fatores essenciais para garantir que a adoção da tecnologia será viável e vantajosa.

Ou seja, quando falamos em tecnologias de insumos, precisamos nos atentar em não querer “insumizar” a fazenda sem critério e objetivos claros, tendo sempre em mente que o objetivo do uso tecnologias de insumos é agregar valor a uma base construída, não para “tampar” buracos e corrigir erros de manejos.

O que são Tecnologias de Insumos?

As tecnologias de insumos referem-se a recursos externos trazidos para dentro da fazenda com o objetivo de melhorar os resultados produtivos e financeiros.

Esses insumos atuam como catalisadores/ aceleradores, dentro do sistema dee produção, trazendo ganhos na nutrição, na qualidade do solo, e na capacidade de suporte das pastagens.

Ao aplicá-los com estratégia, os insumos tornam-se ferramentas poderosas para potencializar a produção por hectare e garantir a lucratividade.

Diferentemente das tecnologias de processo, que envolvem práticas de manejo e organização, as tecnologias de insumos demandam um investimento direto em produtos específicos, como suplementos, fertilizantes e corretivos de solo.

Para extrair o melhor de cada insumo, é essencial compreender a realidade da fazenda e identificar quais insumos podem trazer o maior retorno no contexto da sua operação.

No texto de hoje, vamos aprofundar na discussão de duas categorias de insumos que julgo ser “coringas” dentro de qualquer fazenda:

  • Uso de suplementos: Incluindo aqui desde produtos minerais e proteicos até proteicos energéticos e rações.
  • Correção e Adubação do Solo: Tendo como base a correção e manutenção da saúde do solo, até seu uso como estratégias para aumentar o crescimento da planta e elevar a capacidade suporte da área.

Cada uma dessas tecnologias exige uma análise cuidadosa de custo-benefício e uma implementação bem planejada, para garantir que o valor investido resulte em maior produtividade e rentabilidade.

Além de conhecer os indicadores técnicos que orientam a tomada de decisão, a análise de uso de cada estratégia deve considerar a fase produtiva (cria, recria e engorda) e jamais ignorar que a fazenda é um ciclo produtivo completo.

Em vez de avaliações pontuais que oferecem apenas uma “foto” do momento, é essencial enxergar a operação como um “filme”, onde cada etapa do ciclo afeta e é influenciada pelo todo.

Uso de Suplementos

O uso de suplementos na pecuária é uma ferramenta estratégica para conquistar ganhos adicionais no sistema.

Para aplicar a suplementação de maneira eficaz, é fundamental entender quais são os “limitantes de ganho” do sistema.

Aqui, a Lei do Mínimo — que compara o desempenho de um sistema às tábuas de um barril, onde o nível do líquido representa o potencial produtivo e cada tábua representa um nutriente essencial — serve como analogia.

A suplementação age justamente nas tábuas mais curtas, elevando o nível do sistema até o limite dos seus “gargalos.”

A primeira tábua quando pensamos no uso de suplementos, são os suplementos de menor consumo, como sal mineral, mineral enriquecido e proteinado de baixo consumo.

Esses suplementos atendem às deficiências básicas da dieta do animais e permitem corrigir os limitantes principais sem alterar drasticamente o consumo.

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Como definir o tipo de suplemento

Nesse contexto, a análise de custo-benefício pode ser simplificada, comparando o desembolso adicional com a estratégia ao ganho adicional proporcionado por ela.

Uma vez que os nutrientes limitantes foram ajustados — ou seja, que “as tábuas” do nosso barril foram elevadas — é possível introduzir estratégias de suplementação de maior consumo.

Estes suplementos, como proteicos energéticos e rações, têm o potencial de aumentar a capacidade produtiva do sistema, elevando o desempenho dos animais e, em muitos casos, a lotação da área. Esses suplementos vão além de corrigir deficiências: eles permitem explorar o ganho de peso de forma mais intensa, maximizando o GMD por animal e por área. Nesse cenário a análise do custo-benefício deve ter como unidade de produção o hectare, não mais o animal.

Além dos pontos citados, precisamos nos atentar ao fato de que o uso de suplementação deve ser posicionado de acordo com a fase produtiva do rebanho, uma vez que as metas e os benefícios variam.

Avaliar a suplementação em uma fase de recria, por exemplo, é diferente de avaliá-la na fase de cria, ou ainda na fase de engorda.

Para ilustrar, enquanto na fase de recria, o Ganho Médio Diário (GMD) é um dos principais indicadores de sucesso e receita. Na fase de cria, especialmente para vacas multíparas, o foco está no Escore de Condição Corporal (ECC), influenciando diretamente na reprodução e prenhez das vacas.

Já na fase de engorda, a análise se concentra no ganho de carcaça.

Cada uma dessas fases exige um olhar específico e uma análise direcionada para garantir que o investimento em suplementação traga o retorno esperado.

Caso tenha interesse em se aprofundar nesse assunto, temos outros textos aqui no nosso blog falando sobre suplementação. No perfil do Instagram @nafazendapontocom, você também encontra várias dicas práticas e conteúdos rápidos sobre esse tema.

E se precisar de uma orientação mais detalhada, fica o convite para conhecer o curso Suplementação na Prática. Nele, reuni um guia completo sobre boas práticas e estratégias de uso da suplementação, pensado para quem deseja conhecer mais sobre os tipos de suplementos e fazer uso deles para maximizar o potencial do rebanho de maneira prática e assertiva.

Correção e Adubação do Solo

A correção e adubação do solo são exemplos de tecnologias de insumos essenciais para garantir a saúde do solo e a capacidade de suporte das pastagens.

A correção do solo, embora faça uso de insumos como calcário e fertilizantes, é uma prática fundamental com pensamos na manutenção do solo a longo prazo.

Ter um solo bem nutrido e equilibrado, é fundamental para evitar o surgimento de plantas invasoras, a degradação das pastagens e manter a capacidade de suporte da área.

O primeiro passo para uma correção eficiente é a análise de solo, que ajuda a identificar deficiências de nutrientes e a necessidade de correção da acidez.

Aqui, a Lei do Mínimo se aplica novamente: cada nutriente representa uma tábua no barril, e o rendimento máximo do solo será limitado pelo nutriente presente em menor quantidade.

A partir dessa análise, o uso de calcário, por exemplo, corrige a acidez do solo, melhorando a disponibilidade de nutrientes para as plantas e garantindo que o sistema esteja equilibrado.

Após a correção, a adubação é realizada para fornecer ao solo os nutrientes necessários para acelerar o crescimento da pastagem, sendo o nitrogênio, o principal insumo para esse fim.

Quando falamos em adubação para acelerar o crescimento da planta, é importante saber colher bem a forragem antes de querer acelerar seu crescimento.

Adubar de forma estratégica significa observar o ciclo de crescimento ao longo dos meses, considerando o período certo para aplicar os nutrientes e tirar o máximo proveito da resposta da planta.

Com o uso de adubação, o capim cresce mais e, para manter a eficiência, será necessário ter mais animais na área para colher a forragem adequadamente. Assim, é essencial entender se a adubação é uma estratégia para atender a uma demanda específica de pasto (queda da produção) ou se o objetivo é elevar a produção total da área.

Se o objetivo é realmente aumentar a produção da área e não apenas ajustar a demanda, então você deve considerar também o desembolso adicional para a compra de novos animais que irão consumir a forragem produzida a mais.

Esse é um ponto importante para garantir que a adubação gere o retorno esperado e o sistema não fique subaproveitado, maximizando assim o potencial de produção de arrobas por hectare.

No fim, o investimento em correção e adubação do solo se paga na forma de uma maior produtividade e sustentabilidade da fazenda. Ao garantir um solo bem manejado, o pecuarista fortalece a base produtiva da fazenda, preparando o solo para suportar o sistema de intensificação e suplementação de maneira contínua e sustentável ao longo dos anos. Lembre-se que é fundamental ser um bom manejador de pasto!

Amarrando as pontas

Ao longo desta série de textos, exploramos diferentes estratégias para transformar a pecuária de corte em um negócio mais produtivo e rentável.

Começamos pela importância de conhecer os números da fazenda e estruturar um plano de ação sólido, focado em tecnologias de processo, que garantem a base da eficiência dentro da porteira.

Discutimos no texto de hoje como as tecnologias de insumos podem potencializar ainda mais o sistema quando aplicadas estrategicamente, criando um efeito multiplicador nos resultados.

Se você acompanhou toda a série, já possui uma visão ampla das práticas que fazem a diferença no desempenho da sua operação.

Caso não tenha lido alguns dos 3 primeiros textos, fica o convite para conferir os conteúdos anteriores, onde abordamos com profundidade cada uma dessas etapas, ajudando você a construir uma base sólida e a entender o papel de cada tecnologia no ciclo produtivo.

A pecuária de corte é um sistema dinâmico, que exige conhecimento, planejamento e um olhar atento ao detalhe.

A verdadeira vantagem está na combinação do arroz com feijão bem feito — o manejo diário — com o uso consciente e planejado dos insumos.

Aplicando essas práticas de forma integrada e estratégica, o pecuarista está preparado para enfrentar as variações do mercado e garantir o crescimento sustentável da sua fazenda.

Lembre-se: com conhecimento e estratégia, na pecuária sempre existirão oportunidades!

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