O pasto é a base da pecuária
Quando olhamos para estratégias de manejo, temos a visão errônea (do campo) que associa manejo contínuo como extensivo e o manejo rotativo como intensivo. Na verdade, ambos podem levar a cenários de baixa e alta produtividade, tudo irá depender de como serão conduzidos. Estratégias de manejo do pasto para otimizar a produção são essenciais para alcançar tais objetivos. Para tal, é importante entender sobre as estratégias de manejo do pasto para otimizar a produção.
A “falsa” interpretação que associa os manejos a extensivo e intensivo acontece porque, na maioria dos casos, nos deparamos com sistemas contínuos muito mal manejados e sistemas rotativos com um manejo satisfatório. Independente do sistema produtivo, é vital que as estratégias de manejo do pasto sejam bem aplicadas e otimizadas para que a produção ocorra de forma adequada.
Sem dúvida, a forma de conduzir o pastejo rotativo, do ponto de vista do controle do pasto, é mais objetivo, visto que nesse método de manejo conseguimos controlar o momento de entrada e saída dos animais no piquete, ou seja, podemos definir o melhor momento para a colheita do pasto, assim como definir o resíduo que queremos deixar na área.
O foco do manejo esta em colocar os animais na área quando o pasto estiver com o máximo acúmulo de folhas verdes, colhendo a forragem produzida com eficiência e rebaixar o pasto até a altura que não comprometa o rebrote.
Todo esse manejo (consumo de pasto) deve acontecer em um espaço mais curto de tempo (de preferência antes de começar o rebrote das áreas já pastejadas) o que leva a uma maior taxa de lotação quando comparado ao manejo contínuo.
Já no manejo contínuo a complexidade de fazê-lo bem-feito é muito maior, uma vez que o controle sobre o pastejo é menor em comparação ao manejo rotativo (dado as oscilações no crescimento da planta ao longo do tempo e o maior período de ocupação dos animais na área).
Essa discrepância no crescimento da planta e carga animal que acontece no contínuo, traz uma complexidade a mais no manejo dos animais. Por isso, na prática, algumas propriedades acabam fazendo um manejo alternado, manejando os animais nas áreas por período de ocupação maiores do que no rotacionado, alternando os animais nos piquetes de acordo com a oferta de forragem.
De forma geral, no rotacionado o foco está na eficiência de colheita da forragem, tendo como consequência maior lotação por área, menor desempenho individual com maior produção por hectare, enquanto no manejo contínuo temos a situação oposta, ou seja, menor lotação e maior GMD individual (quando bem conduzido).
O consumo de forragem
Independente do manejo adotado, entender a relação da estrutura do pasto com o consumo de forragem é fundamental para aplicar as melhores estratégias de manejo do pasto para otimizar a produção.
Pegando a referência clássica de Mertens (1987), a qual sugere que um bovino teria seu consumo limitado pelo enchimento físico do rúmen, sendo a concentração de fibra (FDN) do alimento o limitante da capacidade ingestiva, um animal em pastejo teria um potencial de consumir forragem até que se atingisse a ingestão de 1,2% do seu peso em FDN.
Contudo, mesmo tendo pasto, isso não significa que ele atingirá esse consumo potencial. Considerar estratégias de manejo do pasto para otimizar a produção é crucial. Isto porque, caso a estrutura do pasto seja limitante ao pastejo, a colheita da forragem pode ser comprometida.
Imagine a seguinte situação:
Um animal na fase de recria, com 300kg de peso vivo, no período das águas, consumindo um pasto de Braquiária com valor de FDN médio de 60%.
Aplicando o valor sugerido por Mertens, temos:
Peso animal = 300 kg
Consumo de FDN (MS) = 300 x 1,2% = 3,6 kg MS de FDN
Concentração FDN no pasto = 60%
Consumo “potencial” de Pasto = 3,6 kg FDN (MS) ÷ 60% = 6 kg MS de Pasto
Tendo como referência que cada bocado do animal corresponde, em média, a apenas 1 grama de consumo de MS (isso mesmo, apenas 1 grama), esse animal precisaria animal dar 6.000 bocados para bater a meta de consumo de matéria seca.
Considerando ainda que cada bocado dado pelo animal gaste em média, 5 segundos, podemos concluir que o animal precisa de 8,3 horas pastejando para consumir a meta diária de 6 kg de MS de pasto.
Número bocados = 6.000
Tempo Bocado = 5 segundos
Tempo Pastejo = 6.000 x 5 = 30.000 segundos (ou 8,3 horas)
Na Figura temos o esquema simplificado do consumo de forragem pelo animal para ilustrar e facilitar o seu entendimento.

Note que a massa do bocado e a taxa de bocados estão diretamente relacionados ao consumo do animal ao longo do dia. Perceba também que a estrutura do pasto exerce relação direta sobre esses dois fatores.
Sendo assim, se queremos otimizar o consumo de forragem pelo animal, precisamos pensar no manejo do pastoreio orientado para a formação do bocado com estratégias de manejo do pasto para otimizar a produção.
Ao ter uma estrutura ruim, com muito talo por exemplo, o animal reduz o tamanho do bocado e/ou aumentar o tempo para dar um bocado. Como consequência o tempo de pastejo aumenta significativamente, afetando negativamente o consumo de pasto pelo animal.
Por exemplo, se o tamanho do bocado cair de 1 para 0,5 grama, o tempo de pastejo para consumir a mesma quantidade de forragem seria de 16,6 horas, o que torna a meta de consumo diária muito difícil de ser alcançada. Lembre-se que, além de pastejar o animal precisa descansar e ruminar, tendo um limite máximo de tempo pastejando próximo a 12 horas.
Ao pensar no manejo do pasto, pense em ofertar para o animal uma estrutura que favoreça a formação do bocado, facilitando o pastejo, consequentemente o consumo e o ganho de peso do animal. Estratégias de manejo do pasto para otimizar a produção são fundamentais.