Você já deve ter ouvido falar sobre a importância de uma pecuária de ciclo curto, da aceleração do giro de estoque e do aumento da produção por hectare, não é mesmo? Mas será que esses fatores, sozinhos, garantem lucro na pecuária?
Vamos explorar como ter lucro quando o assunto é pecuária.
Embora essas metas sejam fundamentais, produzir mais nem sempre significa obter maior rentabilidade por hectare. Em muitos casos, o aumento da produção sem um planejamento adequado eleva os custos sem gerar o retorno esperado.
O lucro da fazenda depende diretamente do equilíbrio entre desembolso e receita, considerando o hectare como unidade de produção. Para alcançar resultados positivos, o gestor deve tomar decisões estratégicas, priorizando investimentos bem direcionados e ações embasadas em dados concretos.
Planejamento: o pilar da lucratividade
O resultado econômico da atividade pecuária não ocorre por acaso. Pelo contrário, ele exige planejamento estratégico e alinhamento com os objetivos do projeto. Dessa forma, avaliar os investimentos necessários torna-se essencial para atingir a produção estabelecida e garantir o lucro esperado por hectare.
O planejamento financeiro deve partir da meta de lucro por hectare. Com base na margem média da atividade, o gestor consegue estruturar os investimentos que o levarão ao resultado desejado.
Além disso, adotar uma abordagem proativa reduz a incerteza sobre o resultado econômico. Ou seja, quando você planeja com clareza e estratégia, transforma os objetivos em uma realidade alcançável.
Definição da meta produtiva
Para obter um lucro específico por hectare ao longo do ano, torna-se necessário calcular a receita mínima que a fazenda precisa gerar. Esse cálculo permite visualizar com precisão o volume de produção necessário.
Vamos considerar um exemplo prático:
Se o valor da arroba for R$ 250 e o lucro desejado for R$ 1.500 por hectare, qual deve ser a receita total para atingir essa meta?
Sabemos que, com uma margem média de 15%, o lucro corresponde a 15% da receita total. Portanto, podemos calcular a receita necessária:
Receita = Lucro Desejado / Margem Média
Receita = R$ 1.500 / 0,15 = R$ 10.000
Agora que você já sabe que a receita necessária por hectare é de R$ 10.000, podemos calcular quantas arrobas precisam ser comercializadas para alcançar essa meta.
Quantidade de Arrobas = Receita / Valor da Arroba
Quantidade de Arrobas = R$ 10.000 / R$ 250 = 40 arrobas
Esse resultado mostra que, para obter um lucro de R$ 1.500 por hectare ao ano, considerando uma margem média de 15%, a fazenda deve produzir e vender 40 arrobas por hectare ao longo do ano.
Com esse cálculo, é possível definir uma meta macro, levando em conta o lucro desejado, a margem média da atividade e o valor da arroba. A partir dessa meta, o próximo passo envolve estabelecer estratégias eficientes para garantir sua concretização.
Colocando o planejamento em prática
Transformar planejamento em resultado exige controle de dados. Independentemente do método utilizado — seja um caderno tradicional ou planilhas no Excel —, o mais importante é registrar as informações corretamente para facilitar a tomada de decisão.
Além disso, algumas decisões estratégicas precisam estar alinhadas aos objetivos da fazenda. Por exemplo:
Se a lotação for alta, o investimento em adubação precisa ser proporcional.
Os custos com nutrição devem estar compatíveis com a meta de ganho de peso.
Esses são apenas alguns fatores que compõem um planejamento eficiente. Para garantir que as metas sejam objetivas, o produtor deve evitar generalizações. Em vez de estabelecer objetivos vagos, como “produzir mais” ou “aumentar o lucro”, é essencial definir metas específicas e mensuráveis, como:
“Lucrar pelo menos R$ 500/ha/ano com a produção de 15@/ha/ano”.
Após estabelecer a meta anual, o próximo passo é subdividi-la em metas menores e indicadores de monitoramento. Para isso, é necessário calcular quantas arrobas cada animal deve produzir, definir metas de ganho de peso e planejar as despesas com nutrição e manejo.
Ferramentas para gestão e acompanhamento
Uma das metodologias mais eficazes para garantir o cumprimento do planejamento é o PDCA (Plan, Do, Check, Act). Esse modelo permite definir, executar e ajustar ações conforme necessário.
- Plan (Planejar): Estabelecer metas e estratégias.
- Do (Fazer): Implementar as ações planejadas.
- Check (Verificar): Comparar o planejado com os resultados obtidos.
- Act (Agir): Ajustar estratégias conforme necessário.
Durante a execução do plano (Do), a metodologia 5W2H complementa o processo, fornecendo diretrizes claras para cada ação planejada. Esse método organiza as atividades ao responder sete perguntas fundamentais:
- What (O quê será feito?) – Descrição detalhada da ação.
- Why (Por que será feito?) – Justificativa para a atividade.
- Who (Quem será responsável?) – Definição do responsável.
- When (Quando será feito?) – Estabelecimento de prazos.
- Where (Onde será feito?) – Local de execução.
- How (Como será feito?) – Passo a passo e recursos necessários.
- How much (Quanto custará?) – Custos envolvidos.
Acompanhamento e ajustes: a chave do sucesso
Após a implementação das ações, o monitoramento dos resultados se torna essencial. No estágio “Check” do PDCA, o gestor deve comparar o desempenho real com o planejado e verificar se os indicadores estão dentro das expectativas.
Caso os resultados se afastem do esperado, ajustes imediatos devem ser realizados. Essa abordagem assegura que os investimentos sejam aplicados corretamente e evita prejuízos financeiros.
Conclusão: Planejamento gera resultados
A aplicação do PDCA e do 5W2H proporciona um modelo de gestão eficiente para planejar, executar e otimizar a produção pecuária. Quando essas metodologias são seguidas corretamente, o produtor toma decisões estratégicas com base em dados concretos, aumentando a produtividade e a rentabilidade da fazenda.
Para garantir eficiência, o monitoramento contínuo se torna indispensável. Erros podem ocorrer, mas a identificação e a correção rápida garantem que eles não comprometam os resultados.
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