Cocho de sal

Cuidado com o risco do óbvio

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Matheus Moretti

Hoje vou tomar a liberdade de escrever de forma mais informal e descontraída, dividindo com vocês um assunto que sempre trago quando nos comunicamos e desejamos nos fazer entender. Cuidado com o risco do óbvio!

De certa forma, conversar sobre o “óbvio” sempre promove certa inquietude em meus pensamentos, ou melhor, gera um incomodo positivo, me fazendo refletir sobre o impacto do “óbvio” em nossas vidas e na nossa comunicação. Cuidado com o risco do óbvio nessa situação pode realmente nos surpreender.

Digo isso porque, quem nunca pediu a um colaborador para que fizesse uma tarefa, tida como simples no seu ponto de vista, e se frustrou com o resultado? Ou então, frente a determinada situação, esperava um padrão de comportamento por parte da outra pessoa e o resultado foi totalmente oposta à expectativa? Isso mostra como o cuidado com o risco do óbvio é essencial.

Nesse caso, as frustrações frente às expectativas criadas foram geradas por “ruídos” na comunicação, no qual, o culpado de tudo é o “óbvio”.

Vamos pensar!

Ao pedir que determinada tarefa seja executada, atribuímos ao “óbvio” o sucesso da mesma, ou seja, assumimos que a pessoa que nos ouve pensa da mesma forma que nós, fazendo com que a comunicação seja simples e direta, sem o grau de detalhamento necessário.

O problema nasce quando assumimos que comunicar não é sobre o que se fala, mas sobre o que (ou melhor, como) se ouve. Portanto, cuidado com o risco do óbvio é fundamental!

Exemplificando:

Quando uma patroa pede à sua funcionária que receba bem seus convidados para o jantar, falando: “fulana, quando os convidados chegarem, por favor, os receba bem e os leve até a sala de estar”, nesse momento, pode surgir o problema do “óbvio”: será que o conceito de “receber bem” da funcionária é o mesmo da patroa?

Percebam que ao pedir que os convidados fossem bem recebidos, cria-se a expectativa de que essa simples tarefa seja bem executada. Porém, qual é o conceito da funcionária de “receber bem”? Será que é o mesmo da patroa? Pode parecer óbvio, mas não é! Cuidado com o risco do óbvio é necessário aqui.

Por vezes, determinadas ações do nosso dia a dia são negligenciadas em função do “óbvio”, resultando em frustrações, falhas, erros, problemas e afins.

Pense comigo.

Não é óbvio que depois de ir ao banheiro devemos dar a descarga, lavar as mãos, jogar o papel no lixo?

No entanto, na grande maioria dos locais públicos e comerciais existe uma placa colada logo acima do vaso sanitário, com os dizeres: não suba no vaso, acerte na mira, não jogue papel no vaso, de a descarga, lave as mãos!

Ou seja, parece que dar descarga não é uma ação tão óbvia assim, uma vez que existem pessoas que não fazem.

Perceba então a importância da clareza na comunicação. Cuidado com o risco do óbvio é essencial.

Voltando ao caso da patroa e da funcionária, para garantir que seus convidados fossem bem recebidos e evitar frustrações com a funcionária, a forma correta de solicitar a tarefa deveria ser:

“Fulana, os convidados devem chegar por volta das 20:00 hrs, por favor, esteja preparada para recebê-los; quando chegarem, abra a porta e dê um sorriso simpático, fale boa noite e pergunte se eles precisam ir ao banheiro e se aceitam alguma bebida; conduza-os até a sala de estar e informe que em alguns minutos eu chego; feito isso, vá até meu quarto e me avise que eles chegaram.”

É fato que boa parte de falhas operacionais surgem pela falta de clareza e/ou subjetividade das ações propostas, comprometendo a execução de tarefas simples do nosso dia a dia.

Pense agora aí na sua fazenda, ou na fazenda que você trabalha.

Pense nas tarefas rotineiras que acontecem nela!

Existe clareza na comunicação e em todos os processos/ tarefas do dia a dia?

Uma das primeiras atividades que me vem a que cabeça é a salgação dos animais.

Parece óbvio que ao ficar responsável pela salgação o funcionário não deve deixar faltar sal no cocho, correto?

Porém, quem nunca se deparou com cochos vazios ao sair para rodar os pastos?

Pergunto: Como será que essa tarefa foi passada? Será que o “salgador” sabe da importância do sal para o gado? Será que ele sabe quando e com quanto o cocho deve ser abastecido?

Como este exemplo, existem inúmeros outros pontos óbvios na fazenda que negligenciamos, ou por falta de clareza na hora de comunicar ou por não dar a devida importância. Cuidado com o risco do óbvio nesses casos é fundamental.

É óbvio que a água oferecida aos animais deve ser limpa e de qualidade, mas não é!

É óbvio que o pasto deve ser bem manejado, respeitando a altura de corte do capim, mas não é!

É óbvio que o tamanho de cocho por animal deve estar condizente com a suplementação adotada, mas não é!

E por aí vai…

Muito se fala no P do PLANEJAMENTO, mas não se esqueça dos outros “Ps” : dos PROCESSOS e das PESSOAS, eles são fundamentais para aumentar a assertividade da execução das tarefas. E lembre-se sempre do cuidado com o risco do óbvio.

Para refletir:

  • Como está a comunicação na fazenda? Mais uma vez (para não esquecer): cuidado com o risco do óbvio aqui é essencial.
  • Qual a clareza que as tarefas são passadas aos funcionários?
  • A equipe tem conhecimento da importância de cada tarefa para que os resultados sejam conquistados?
  • As tarefas tem um procedimento de como ser realizada claro e definido?

Lembre-se:

Ter clareza na hora de comunicar a forma como realizar as tarefas é fundamental! Portanto, cuidado com o risco do óbvio ao comunicar.

Deixe claro: quem, quando e como a tarefa deve ser realizada e use ferramentas de gestão (pode ser um simples caderno) para monitorar se o realizado está de acordo com aquilo que foi previsto!

Se você chegou até aqui, espero que tenha gostado do texto e dessa breve reflexão.

Se fez sentido, conta para mim nos comentários o que pensou durante a leitura!

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